Pensei que se ouvia o eco
no sítio do ecoponto.
Fui lá e pus-me a gritar,
disseram que eu era tonto.
Só vi quatro contentores
com tampas de cor diversa.
Não gosto de estar calado,
Com eles meti conversa.
Disse logo o amarelo
que se chamava Embalão:
só engolia embalagens
com toda a sofreguidão.
Falou depois o azul
Dizendo -- Sou Papelão.
Traz-me papeis, papelinhos,
tudo o que seja cartão.
O verde logo contou
que seu nome era Vidrão:
comia copos, garrafas,
o vidro que cai no chão.
Havia mais um, cinzento,
que me pareceu porcalhão:
pediu-me cascas e espinhas,
até os ossos do cão.
Eu bem queria ouvir o eco
mas quem a mim me diria
que o eco do ecoponto
é eco de ecologia.
Luísa Ducla Soares